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O míldio da vinha: doença importante e sempre actual

29/05/2006, Dr. Yvon Bugaret - ex-IRNA
O míldio da vinha: doença importante e sempre actual

O míldio da vinha, Plasmopara viticola, é uma doença presente em por todas as regiões vitícolas a nível mundial, e é um dos principais obstáculos à produção vitícola.


Frequentemente, esta doença mostra aos viticultores que a ausência de tratamentos eficazes, geralmente de carácter preventivo, pode provocar graves prejuízos, visíveis à vindima e na planta inteira.

Todos os orgãos verdes de uma cepa são susceptíveis de serem atacados: folhas, pâmpanos, sarmentos, inflorescências e cachos (Fig 1). De entre todas as doenças da vinha, o míldio é a doença cuja protecção é a mais importante, devido à sua frequência, ao seu longo período de actividade e à gravidade dos prejuízos que provoca. Parasita regular e temível, é por toda a parte combatido em períodos de risco com a ajuda de fungicidas cúpricos ou orgânicos de síntese.

A implementação dos meios de luta químicos, deve ser precedida de medidas profiláticas que evitem, na medida do possível, o aparecimento de focos primários (drenagem do solo, controlo do vigor das cepas, empa precoce,etc.).
No âmbito da Protecção Integrada, é necessário intervir na altura correcta, em função do risco epidémico calculado e observado, consoante o risco climático, o crescimento vegetativo e a organização de trabalho do viticultor. A modelização, precioso auxiliar que simula o desenvolvimento epidémico do míldio, facilita a racionalização da sua luta. Os modelos de tendência (E.P.I., P.O.M., P.C.O.P. “ Potencial Sistémico")permitem prever a data de maturação dos óosporos e o nível de risco da doença no fim do Inverno, além de calcular o risco epidemiológico durante a fase vegetativa. Estes modelos necessitam de ter dados metereológicos em tempo real.

A detecção de focos primários de míldio facilita a tomada de decisão para a realização do primeiro tratamento. Uma metodologia simples, consiste em tombar uma vara, deixada pela poda do ano anterior, sobre o solo para facilitar o desenvolvimento precoce de uma vegetação receptiva próxima da fonte de inóculo. Um seguimento climático e epidemiológico destas cepas de detecção permite avaliar com precisão, por um lado, a precocidade dos ataques primários e, por outro, o coeficiente multiplicador do fungo nas infecções que se sucederão. A utilidade das cepas de detecção tem-se revelado de uma extrema importância para se detectarem infecções primárias (Fig. 3).

A repetição dos tratamentos precisa de ter em conta, a velocidade do crescimento vegetativo, a pressão da doença estimada de acordo com os modelos de previsão, a presença da doença na região vitícola, bem como as temperaturas médias elevadas que podem diminuir a duração de incubação do míldio e o modo de acção dos produtos fitofarmacêuticos utilizados.

Quaisquer que sejam as condições climáticas estivais, a luta química contra o míldio deve ser considerada incontornável (eventual aparecimento de “míldio mosaico"). Assim, devem ser efectudas 1 a 2 aplicações, no fim da campanha, em função do estado sanitário da parcela, do intervalo de segurança dos produtos e das condições climáticas (Fig.2). Por fim, os riscos de aparecimento de resistências do míldio aos fungicidas devem incentivar os viticultores a ter muita atenção e a respeitar todas as regulamentações.

O míldio da vinha: doença importante e sempre actual
O míldio da vinha: doença importante e sempre actual