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Campolargo - "A melhor vinha da Bairrada!"

13/05/2005, Entrevistador: Engº Isidoro Paiva (BCS)
Campolargo -
Sr. Manuel Campolargo

"Vinhas tratadas são as da Campolargo!



A Comissão Vitivinícola da Bairrada promove anualmente entre os viticultores da região o concurso “A melhor Vinha da Bairrada". Este concurso tem como principal objectivo promover e vulgarizar as boas práticas agrícolas na região da Bairrada, designadamente as suas castas, os solos em que estão cultivados e ainda a gestão e execução dos trabalhos a realizar na vinha ao longo do ciclo vegetativo das plantas (poda, tratamentos fitossanitários, etc.).

Em 2004 o prémio foi atribuído às vinhas da Campolargo, tratadas com produtos fitossanitários da Bayer Cropscience. Aproveitámos este facto para entrevistar Manuel Campolargo, dono e mentor do projecto Campolargo, hoje em dia um dos mais inovadores projectos vitivinicolas da região da Bairrada.

Quem é Manuel Campolargo?

A família e o nome Campolargo são originários da região de Cantanhede.

Eu tenho 75 anos, 4 filhos e sou casado há 56 anos. Digamos que tudo o que tenho na vida foi conseguida com sangue, suor e lágrimas. Comecei a trabalhar aos 7 anos, aos 12 anos vim para a Malposta e comecei a trabalhar no comércio de peixe em colaboração com o meu tio, sem remuneração até aos 19, quando casei. Nessa altura continuei, já como sócio do meu tio, na comercialização de peixe, que era um trabalho bastante árduo, levantava-me todos os dias às quatro da manhã e andava a distribuir peixe com uma furgoneta.

Passado alguns tempo comecei a idealizar instalar aqui umas bombas de gasolina e entrar no negócio dos combustíveis e em 1951 comecei com a distribuição de combustíveis da MOBIL, tendo chegado a vender 6 milhões de litros.

A minha entrada na Agricultura deveu-se a uma situação dolorosa, o falecimento do meu sogro que era proprietário rural. Tinha cerca de 52 propriedades agrícolas, das quais herdei metade e adquiri as outras ao meu cunhado. A partir desta altura, comecei a luta da agricultura e continuei a adquirir propriedades. Uma das primeiras foi adquirida ao Conde da Borralha, e desde essa altura cheguei a comprar cerca de 180 propriedades. Hoje tenho na totalidade cerca de 150 ha, sobretudo com área da vinha.

Gostava de destacar alguma história curiosa do seu percurso de vida ?

Sabe que quando estava ligado à comercialização de peixe cheguei a mandar vir 8 barcos de peixe da África do Sul, de 800 t cada um no tempo do Tenrreiro. Este era na altura responsável pelo Instituto Português das Pescas, e não nos deu licença de comercialização para o último barco, fiquei com o barco cheio sem poder comercializar o peixe. Sabe, tive de recorrer a uns amigos para resolver a situação, foi um episódio marcante e foi o fim da minha aventura na importação de peixe.

A empresa Campolargo, é uma empresa de estrutura essencialmente familiar. Fale-nos um pouco da sua organização?

Tenho quatro filhos. Um deles é engenheiro técnico agrário, o Jorge, que é o principal responsável pela parte agrícola da Campolargo. Por sua vez, o meu filho Carlos estava no negócio da comercialização de combustíveis, que entretanto vendeu, e como tem alguns conhecimentos sobre Vinhos foi um dos principais mentores da construção da Adega e do desenvolvimento do projecto dos Vinhos Campolargo. Além dos meus filhos na área vitivinicola, contamos ainda com mais três técnicos, todos com formação na área agrícola .

Tenho também uma filha, formada em económicas, que está na área dos transportes colectivos. E ainda o meu filho Paulo, também formado, que é responsável por uma área de negócio que temos, a da comercialização de automóveis. Espero que os meus filhos sejam os continuadores de tudo aquilo que criei.


A empresa Campolargo contempla uma exploração vitícola de alguma dimensão! Fale-nos um pouco da exploração vitícola da Campolargo ?

A área total de exploração agrícola da Campolargo abarca cerca de 150 ha, com mais de 90 % com vinha, dos quais 50 ha são de vinha nova, e uma pequena área de mata e pomares. Na vinha, nesta altura temos mais de 12 castas diferentes, sendo cerca de dois terços castas tintas e um terço brancas. As castas tintas mais importantes são Cabernet Sauvignon, Touriga Nacional, Baga, Merlot, Syrah, e nas brancas Bical, Sauvignon Blanc, Chardonay , Arinto e Cercial.

O projecto da Adega da Campolargo, que está em na fase final, começou em 1998 e a construção em 2004, com a contribuição do arquitecto Carlos Ramos, e a partir daí iniciámos o desenvolvimento progressivo de um projecto vitivinícola autónomo.

Que produtos/vinhos comercializa a empresa Campolargo?

A produção das vinhas ia tradicionalmente para as Caves Aliança, empresa com o qual trabalho há 36 anos ,mas nos últimos anos começámos a pensar desenvolver um projecto vitivinicola autónomo para o qual a construção da adega é um elemento importante. Embora tendo, já os nossos vinhos continuamos a fornecer as Caves Aliança, empresa com a qual temos um excelente relacionamento.

Os primeiros vinhos da Campolargo surgiram em 2004, tendo começado a comercializar e a diferenciar as marcas Campolargo, Termião, Vinha da Costa, Calda Bordaleza e o topo de gama da casa, o Diga. A aceitação pelo mercado tem sido boa, tendo os nossos vinhos já sido premiado em diversos concursos.


A exploração está enquadrada na região da Bairrada? Como vê o futuro da cultura da Vinha nesta região?

Existe o desejo e a vontade de que a cultura da vinha e a produção de Vinho tenha futuro na região da Bairrada, mas, infelizmente, somos confrontados com alguns problemas estruturais como o da falta de pessoas a quererem trabalhar na agricultura. Os jovens não querem trabalhar no sector e apenas se vêm os velhos e depois destes não vejo futuro.


E o futuro do sector dos Vinhos da Bairrada?

Há uma concorrência muito grande, tanto a nível nacional como internacional e temos que produzir e promover os nossos vinhos de qualidade a preços competitivos o que passa também pela racionalização dos custos, nomeadamente os custos de mão de obra. Do ponto de vista de comercial e na criação de infra-estruturas a Campolargo têm efectuado um grande trabalho, graças à persistência do meu filho, às vezes contra a minha vontade.

Estamos a criar condições com a construção de uma nova e moderna adega que ficará ligada ao Enoturismo e que nos permitirá entrar na Rota dos Vinhos da Bairrada. Pensamos que as novas instalações constituirão um cartão de visita para a empresa e uma forma de promoção dos vinhos Campolargo. É muito importante esta aposta na inovação quer na produção, quer na comercialização para que a Bairrada, seja conhecida, no País e no Mundo, como uma região de bons Vinhos .


Ganhou recentemente, em 2004, o prémio a melhor Vinha da Bairrada, promovido pela comissão vitivinicola da Bairrada? O que significou para si receber este prémio?

Um prémio é sempre um prémio. Foi indiscutivelmente um estímulo grande e um reconhecimento para a empresa. Ao longo dos anos, temos tido sempre um elevado padrão de exigência no tratamento das nossas vinhas. Havia e há vários agricultores que se davam ao luxo de vir ver as nossas vinhas e dizer que eram as mais bem tratadas da região. Diziam vinhas tratadas são as do Campolargo.


De que forma a Bayer CS contribui para a obtenção deste importante prémio?

Eu gosto sempre do melhor e como gosto sempre do melhor e tendo a noção da grandeza da empresa Bayer, até por algumas viagens que fiz à Alemanha, só podia optar pelos produtos Bayer. Disse ao meu técnico da vinha, Eng.º Alegria, para tratar a cultura com o melhor que há no país, e daí a opção pelos produtos da Bayer CS e temos tido óptimos res

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