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Entrevista com António Nogueira - Anadiagro

24/07/2009
Entrevista com António Nogueira - Anadiagro

"Somos um distribuidor exclusivo da Bayer CS e se penso continuar a sê-lo, é porque acredito neste projecto!"

Quem é o António Luís Nogueira?

É um tipo simples, com 55 anos, amigo do seu amigo, casado, pai de 2 filhos, nascido no meio rural e que gosta da área comercial. No pouco tempo livre aprecia viajar, preferencialmente onde abunde natureza bonita e boa gastronomia.


Anadiagro Comércio Fitofármacos, Lda.

Como nasceu a Anadiagro, Comércio Fitofármacos, Lda.

A Anadiagro nasceu, em 1990 com a Hoechst numas pequenas instalações em Anadia que hoje são propriedade de uma antiga colaboradora nossa. Cresceu com a Agrevo. Amadureceu com a Aventis e hoje mantém uma relação comercial de exclusividade com a Bayer CropScience e quer continuar assim.

Em que áreas de negócio a empresa actua e qual a respectiva importância económica?

Trabalhamos na área da venda e revenda de produtos fitofarmacêuticos e demais factores de produção agrícola e pecuária e fazemo-lo em três grandes vertentes; uma vertente dirigida à revenda tradicional. Outra vertente dirigida aos grandes consumidores directos, que tem de ser visitados e acompanhados o que acarreta uma logística dispendiosa. A terceira vertente dirigida ao pequeno consumidor final e ao sector não profissional, quer através de lojas próprias (CAMPESTRE rural market), quer fidelizando e trabalhando em rede lojas de clientes de revenda, tradicionais.

Qual é a infra-estrutura da empresa?

Como infra-estrutura física e humana possuímos uma área coberta de 7.000 m2, repartida entre 4 lojas e armazéns, onde trabalham hoje 22 pessoas, cinco delas com formação Técnica Agrária, outras com formação noutras áreas e todas com a dedicação, brio e capacidade profissional que nos obriga a ter orgulho na equipa que somos. Com o esforço de todos, pensamos alcançar este ano um valor de negócio de 5 milhões de Euros.


Nos últimos anos a Anadiagro tem vindo a crescer em infra-estruturas físicas através da abertura de lojas. Qual é o objectivo desta politica?

Por um lado sentimos necessidade de estar menos dependentes do cliente revenda. Este segmento tem "emagrecido" no número de agentes e "engordado” na respectiva dimensão, por isso são mais "acediados" e tornaram-se mais distantes no relacionamento. Por outro lado com a tendência para o desaparecimento do médio empresário agrícola, temos outra percepção daquilo que vão ser as lojas agrícolas do futuro: confortáveis, diversificadas, com capacidade de disponibilizar informação técnica, mais viradas para o agricultor não profissional embora abrangendo também os outros e é nesta linha de pensamento que se enquadram as nossas lojas CAMPESTRE rural market.

Alguns revendedores pensam, ou são induzidos a pensar, que este nosso projecto concorre com a sua actividade. Nós vemos isso noutra perspectiva e temos tentado mostrar à mesma revenda as vantagens em aderirem a este projecto, o que penso vai acontecer breve, é só dar tempo ao tempo.

Os colaboradores da empresa com funções técnicas, tem na sua totalidade formação na área agrícola. Acha que a componente do serviço é cada vez mais importante na venda de produtos fitofarmacêuticos?

Todos os nossos colaboradores com funções técnicas tem formação na área agrícola, porque entendo que a componente serviço é cada vez mais importante, em especial quando sem lida com o consumidor final, seja ele de grande ou pequena dimensão. Nas lojas CAMPESTRE rural market o crescimento na venda de produtos fitofarmacêuticos, deve-se também sem dúvida a este facto.


As instalações da empresa encontram-se licenciadas em conformidade com as exigências legais no que respeita à redução do risco na Distribuição e Venda de produtos Fitofarmacêuticos (dec. Lei 173/2005). Quais as principais vantagens e desvantagens que vê nestas exigências legais ao sector?

Tanto as 4 lojas de venda ao público quanto o armazém central estão licenciados em conformidade com as exigências legais. Somos partidários que se coloque ordem no sector e se não fosse o exagero e a incoerência de algumas entidades oficiais, nem tínhamos nada a apontar. A maior vantagem desta legislação está na profissionalização desta actividade pois criou condições para uma prestação de serviços mais responsável. Ao nível da comercialização, no imediato, pouco ou nada se alterou.

Alguns novos projectos para o futuro?

Se na revenda tradicional as coisas vão ser mais difíceis e queremos continuar a crescer percentualmente neste negócio; vamos adaptar-nos na venda à revenda tradicional, vamos continuar ligados ao grande consumidor final, vamos continuar a apostar em lojas próprias e vamos crescer em lojas de clientes de revenda do sector privado ou mesmo cooperativo aderentes à rede CAMPESTRE rural market. Em resumo, vamos continuar a adaptar-nos.

O sector agrícola na Beira Litoral

A Beira Litoral tem cerca de 5 % da Superfície Agrícola Útil (205 mil ha) e 21% das explorações agrícolas (88 mil) de Portugal. Acha que a agricultura da região, predominantemente de minifúndio e de sistemas de policultura, tem futuro?

Esta desproporção na nossa região que é termos só 5% da SAU e ao mesmo tempo 21% das explorações agrícolas do país, vai passar rapidamente pela diminuição do nº de explorações agrícolas desta região o que ao nosso sector vai trazer mais dificuldades. O futuro vai ser um minifúndio, menos minifúndio e um sistema de policultura, de menos policultura, mas a não ser o aumento das áreas abandonadas, ainda se vêm poucos sinais nesse sentido. O futuro passará pelo aumento das áreas abandonadas, tendo como eventual contrapartida as “hortinhas”, cujo número vai continuar a aumentar e são positivas para o nosso negócio.

Qual a prespectiva de futuro para os sectores/culturas tradicionais da região, como a batata, o milho ou a vinha?

O futuro da vinha é negro. Estamos numa zona de minifúndio, com custos de produção altos, de baixa valorização do produto final, com uma imagem muito degradada e com a área total em contínuo retrocesso. O escoamento das uvas está muito assente em adegas cooperativas que ou não pagam ou pagam mal e que ou estão insolventes ou em sérias dificuldades financeiras e sem futuro, mas a vinha na Bairrada não vai acabar. A batata vem continuamente a perder área na região, em especial as pequenas parcelas. Para isso contribuiu o monopólio da comercialização imposto pelo estado, que veio dificultar o pequeno escoamento e desvalorizar o produto. O milho, principalmente os ciclos curtos, é natural que vá mantendo as suas áreas.

O sector da distribuição de produtos fitofarmacêuticos

Como está a correr esta campanha e quais as perspectivas até ao final do ano?

O ano de 2009 está mais difícil que o ano passado, em que o estado do tempo ajudou e as coisas correram bem. Mas como estamos ligados a uma grande companhia, que nos dá estímulo, vamos certamente aproveitar todos os nichos de mercado e ultrapassar a crise. O objectivo a que nos propusemos, que foi comprar na exclusividade Bayer CS e levar esta companhia a impor-se cada vez mais no mercado, já o alcançámos.

Na sua perspectiva, quais os principais problemas com que se confronta o sector da distribuição de produtos fitofarmacêuticos em Portugal?

O canal de distribuição é ainda pouco profissionalizado, com agentes apoiados em estruturas familiares leves que desestabilizam o mercado. Por outro lado o produtor agrícola não vê rentabilidade no seu negócio, procura alternativas aparentemente baratas, que retiram valor ao negócio. No entanto continua a ser a diminuição da área de vinha, a mais preocupante de todas as situações.

Bayer Cropscience