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Luís Abreu e Filhos

24/09/2010
Luís Abreu e Filhos
Sr. Luís Abreu (esq.) e João Abreu

Duas gerações, uma memória, uma história comum !

Duas gerações, uma memória, uma história comum, a empresa Luís Abreu e Filhos, Lda. Um parceiro da Bayer Croscience, que em Fevereiro do próximo ano irá comemorar, apenas, meio século como distribuidor da companhia.

Luís Abreu: História

Quem é o Luís Abreu?

(L.A.) É um homem de 76 anos, com uma vida de trabalho, dos quais 49 anos ligados ao comércio, hoje em dia já reformado, que tem três filhos, um rapaz e duas raparigas e cinco netos.

Como começou a trabalhar com a Bayer?
(L.A.) O meu primeiro contacto com a Bayer foi em 1961. Na altura o Fernando Marques, que era o responsável comercial da Bayer na região, andava à procura de um representante, contactou primeiro um amigo meu aqui de Ourém, que tinha uma residencial e que não se mostrou disponível pois não era o seu ramo. Então indicou-me, por eu estar ligado ao comércio, na altura há cerca de três anos, foram a minha casa, chegámos a um entendimento e começamos a trabalhar com a Bayer em Fevereiro de 1961.

Esta região era uma zona de muita vinha e de muito vinho e a Bayer pretendia começar a comercializar os seus produtos. É importante salientar que na altura só se usava, praticamente, o sulfato de cobre e os viticultores não conheciam outras soluções. Como a Bayer tinha então o Cupravit Z, este foi o primeiro produto que comecei a trabalhar, em 1961, e, desde então, já passaram 49 anos de trabalho da empresa Luís Abreu e Filhos com a Bayer.

Que produtos/ marcas Bayer de referência destacaria ao longo destes 49 anos de história?

Como referi o primeiro produto da Bayer que trabalhei foi o Cupravit Z, depois seguiram-se vários como o Antracol, lançado em 1965, que além de ser uma das marcas patrocinadores da volta a Portugal em bicicleta, tinha uma campanha muito engraçada pois na altura era feita uma promoção em que por cada caixa que o lavrador comprasse dávamos um copo. Esta iniciativa foi um tremendo sucesso e o produto esgotou, toda a gente queria comprar Antracol. Ainda tenho em casa mais de 50 copos dessa campanha de lançamento do Antracol.

Lembro-me também do Simata, na altura só havia como herbicida para a vinha, o Saminol, distribuído pelo Armazéns Sousa Dias aqui na região, sendo esta casa, indiscutivelmente, um dos distribuidores de referência na Zona Centro do País. O lançamento deste produto teve uma história curiosa, pois o seu sucesso deveu-se à falta de preço do Saminol. Os Armazéns Sousa Dias tinham comprado duas camionetas de Saminol mas não tinham preço na altura da aplicação do herbicida nas vinhas, só tiveram um preço muito tarde, a 28 de Janeiro, e eu aproveitei esta falta de condições comerciais para vender aos agricultores uma nova solução e tapar o acesso. Assim, ganhámos esse mercado, até porque em termos de eficácia o Simata garantia os mesmos resultados.

Depois foi lançado, já no final dos anos 70, o Bayleton 5, que foi o primeiro anti-oídio sistémico lançado no mercado e passou a ser uma referência no controle do Oídio, como diziam os lavradores: os bagos até ficavam a brilhar!

Já nos anos 80, destacaria o lançamento de outra grande referência para o combate do míldio da vinha e da batata que foi o Milraz e todos os seus descendentes como o Milraz cobre e o Milraz Duplo.

Outro produto que se vendia muito, e que comprava muitas caixas, até porque tinha um espectro muito abrangente, fazia o bichado, o escaravelho da batata, os afídeos, era o Gusathion MS.

Naquela altura como se realizava o negócio e o contacto com os agricultores?

Os produtos da Bayer sempre foram bons, mas foi necessário muito trabalho para os lançar e ganhar a confiança dos agricultores. Trabalhávamos muitas vezes até às duas da manhã e ao fim de semana, sobretudo aos domingos que era o dia da missa.

Para encontrarmos os lavradores para falar dos produtos, como o Antracol, tinha que ser à noite, pois eles passavam o dia a trabalhar. Um dos maiores problemas era que quando os íamos visitar tínhamos sempre que provar o vinho que produziam e lembro-me por exemplo que o Maurício, que na altura trabalhava com o Fernando Marques, às vezes tinha que sair daqui às duas da manhã e às vezes já bem bebido.

Outra alternativa para abordar os lavradores era ao domingo de manhã, à saída da missa, e passávamos o dia a correr as freguesias, com estradas muito más para falar com os lavradores. Foi assim que a Bayer se implantou na região.

Quer desvendar alguns dos segredos para o sucesso?

Uma das grandes vantagens era ter sempre stock dos produtos que eram necessários aos agricultores. Nessa altura pagava-se à Bayer em Maio e em Outubro, e quem não pagasse em Outubro não recebia mercadoria no ano a seguir. Como tinha uma actividade comercial muito alargada e diversificada tinha sempre dinheiro ou seja fundo de maneio e era esta disponibilidade financeira que me permitia pagar atempadamente aos fornecedores e ter sempre produtos em stock para as necessidades dos clientes.

A sua vida foi sempre dedicada ao comércio?

Sempre trabalhei na área comercial e também na área da construção em que cheguei a ter 26 empregados. Fui em 1961 distribuidor de gás da SHELL e vendia também fogões, que na altura tinha muito mercado. Cheguei a comprar camionetas inteiras de fogões a gás à Electrolis de Leiria.

Também vendi muitos colchões da Molaflex, em 1969. Na altura, nas aldeias, havia colchões de palha e de centeio e quando surgiram os colchões da Molaflex foi um êxito enorme. Para terem uma ideia do que se vendia a Molaflex fazia uma promoção de 400 colchões uma viagem. Cheguei a ir a Angola e Moçambique e ganhei também uma viagem ao Brasil, onde não pude ir por a minha esposa não ter deixado.

Esta região sempre foi uma zona de emigração, sobretudo para França. Qual o papel dos emigrantes no vosso negócio?

Os emigrantes aqui da região, que estavam em França, voltavam em Dezembro à terra, por altura do Natal. Neste período vendia-se muito coisa, chegava-se a ter a casa no Olival, que foi o nosso primeiro estabelecimento, 24 horas seguidas aberta, era muito duro, mas rentável. Ficávamos cansados, mas com a caixa cheia.

Em França, na altura, não havia os produtos que cá havia e que faziam parte da tradição e dos hábitos alimentares dos emigrantes, como as conservas de sardinha, bacalhau, os tabuleiros de marmelada, vinho da região ou do Porto, e mesmo têxteis. Muitos deles não tinham dinheiro, ficavam a dever e só pagavam no próximo regresso. Nessa altura, também era tradição os emigrantes virem casar à terra, então pediam-nos para organizar a boda e fornecíamos toda a festa dos casamentos.

Também vendíamos bilhetes para os transportes. Os emigrantes viajavam de camioneta da carreira e depois de comboio para chegarem a França, e eu vendia os bilhetes para a viajem. As camionetas partiam às sextas-feiras de manhã, nessa altura chegavam a partir entre três e quatro viaturas, ou seja cerca de 150 pessoas.

Estive ligado ao sistema bancário, como correspondente do banco Pinto Magalhães, angariava clientes na região, para o banco. Tive tanto sucesso nesta actividade que até fui distinguido com uma placa de honra, pelo trabalho prestado. Como tinha muitos contactos no meio emigrante originário desta região, fui algumas vezes a França, angariar clientes para o banco Pinto Magalhães, acompanhado de um funcionário deles. O dinheiro dos emigrantes era depositado, na altura, na Suiça e, por isso, passávamos a fronteira à noite, para depositar o dinheiro a um contacto do banco às 5 da manhã. O funcionário do banco chegou a ser preso em França devido a esta actividade. Muitas vezes o dinheiro era trazido pelos taxistas que iam levar os emigrantes e funcionavam como corr