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Entrevista Eng.º Torres Paulo

18/07/2011
Entrevista Eng.º Torres Paulo

A Bayer CS é um parceiro da fruticultura portuguesa, em especial da Pericultura!



Quem é o Eng.º Armando Torres Paulo?

O Armando Torres Paulo é um Engenheiro Agrónomo, formado no Instituto Superior de Agronomia, com estágio na Estação Nacional de Fruticultura Vieira Natividade com o Eng.º Tomás Ferreira. È também um empresário agrícola da freguesia do Peral, concelho do Cadaval, ligado ao sector da fruticultura, produção de pêra Rocha, maçãs e ameixas, com cerca de 63 hectares e à Silvicultura, que herdou de seu avô Zacarias Vivas. É ainda Presidente da direcção da Organização de Produtores Frutos CRL, Sócio fundador da APAS e da APAS Floresta e Presidente da Direcção da ANP – Associação Nacional de Produtores de Pêra Rocha. Casado e pai da Rita, do Pedro e da Filipa. Ainda sem netos.

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PRODUTORES DE PÊRA ROCHA

É presidente da direcção da Associação Nacional de Produtores de Pêra Rocha (ANP). Qual a missão da ANP?

A ANP tem por missão a defesa e a promoção da Pêra Rocha. Para tal, com o apoio dos seus associados tem efectuado dezenas de participações em feiras nacionais e internacionais. A promoção do diálogo entre os seus associados é uma tarefa importante para que a presença da Pêra Rocha nos mercados seja crescente e proveitosa para a Produção e para os consumidores.

O conhecimento das produções anuais de pêra e dos stocks existentes ao longo das diversas campanhas é uma das tarefas da ANP. Outra é o acompanhamento das quantidades exportadas por cada um dos associados para os diversos mercados.

Uma das preocupações actuais da ANP é o de construir com os seus associados vias para dar resposta às questões de como podemos auxiliar o país a sair da crise actual em que todos vivemos. A exportação é, como todos sabemos, uma das vias prioritárias, e neste capítulo a Pera Rocha é a “Jóía da Coroa”. A criação de emprego e de fixação de populações no meio rural é outro dos grandes contributos da fileira.

O diálogo com os supermercados nacionais com a tónica no "consumir o que é nosso" é a base do fomento de riqueza, e a Pera Rocha enquanto fruto português tem presença obrigatória em todas as frutarias durante 9 a 11 meses de cada ano. Só vendendo produtos portugueses, os supermercados nacionais poderão ter o feed-back e o reconhecimento por parte dos numerosos consumidores que trabalham na produção e na indústria nacional e que perante o seu esforço diário de produzir produtos portugueses constatam com indignação a presença de demasiados bens importados que de modo directo impedem a criação de emprego e empobrecem o nosso país e os cidadãos.

Quem são os associados da ANP?

São associados da ANP a totalidade das centrais fruteiras do Oeste e a grande maioria dos exportadores de pêra Rocha. São também associados algumas associações de agricultores da região, como por exemplo a APAS.

Como caracterizaria a fileira de produção da pêra rocha em Portugal?

A fileira da pêra Rocha fundamenta-se em três pilares: i) A especificidade e a qualidade do fruto; ii) As características da região onde se insere – o Oeste; iii) A capacidade, o dinamismo e o saber dos seus empresários. A conjugação destes três pilares – a pêra Rocha, o Oeste e os seus empresários, constitui uma realidade nacional que tem criado riqueza à famílias de pericultores e a todo o Oeste do qual a pêra Rocha se tornou a imagem representativa da região e do empreendorismo das suas gentes.

Com os seus 10 mil hectares e uma produção anual de 200 mil toneladas, das quais mais de 90 mil exportadas (90% das quais por associados da ANP) a pêra Rocha colocou Portugal nas estatísticas frutícolas como o 5º maior produtor europeu e o 8º a nível mundial. Esta tendência para o crescimento das áreas plantadas, das produtividades e da qualidade dos frutos colhidos, resulta dum forte apoio técnico a nível de pomar e de central fruteira que os pericultores do Oeste quiseram e souberam criar.

A fileira da Pêra Rocha é também caracterizada por um grande abandono por parte dos diversos governantes que não conseguiram entender o potencial que existiria se a Fileira tivesse condições idênticas às das regiões frutícolas europeias com as quais concorre, nomeadamente água para rega, políticas para concentração e capacitação comercial das empresas, apoios prioritários às Organizações de Produtores. Estas orientações e prioridades da Politica Agrícola Comum não foram consideradas nem aplicadas no nosso país. Em termos de fruticultura, a qualidade da Politica nacional tem sido substancialmente inferior à política europeia para o sector.

Em que patamar estaria hoje a Pericultura nacional se o querer e a capacidade dos empresários da região tivesse tido o apoio de uma politica agrícola portuguesa?

Apesar das condições edafo-climáticas favoráveis para a produção de frutos em Portugal, a balança comercial referente ao sector é altamente deficitária, apresentando um défice médio de 261,3 milhões de euros no período de referência de 2000 a 2009. Este sector representa cerca de 7.2% das entradas e 7 % das saídas relativamente à balança agro-alimentar portuguesa. A que se deve este contexto deficitário?

É dificil competir com as demais regiões frutícolas europeias, quando nunca existiu uma politica agrícola nacional que tivesse tomado alguma medida de fundo em prol da fruticultura nacional. Apenas a existência de um produto com especificidade única como a pêra Rocha, produzido no seu território, poderia ter algum êxito num país que não tem entendido a importância da agricultura empresarial focada no mercado e na criação de desenvolvimento integrado e de riqueza.

Os tempos são hoje diferentes, e importa ter esperança nas novas tendências de consumo (a fruta está na moda) e da percepção do papel do mundo rural como gerador de estabilidade económica, de emprego e de local de lazer. O agricultor é, e será sempre, o "Guardião da Natureza".

A pêra rocha e a castanha são os únicos produtos que apresentam um saldo francamente positivo na balança agro-alimentar nacional. A Pêra Rocha exportou em 2008 cerca de 57.6 mil toneladas, que representaram cerca de 45.4 milhões de euros. Quais são as grandes vantagens competitivas da pêra rocha a nível internacional?

Os números de 2008 continuam a crescer, e continuarão certamente. Hoje o valor das exportações é superior a 90 milhões de euros.

A pêra Rocha caracteriza-se por ser crocante quanto mais verde, tornando-se fundente quando madura. Deste modo agrada aos mais jovens que a preferem crocante e comem-na à dentada, com casca. As pessoas de mais idade que preferem-na mais madura, repleta de sabor, comendo-a no prato com garfo e faca. Por outro lado a pele da pêra portuguesa é muito fina, o que permite que seja comida com casca.

Acresce que os principais elementos dietéticos da pêra se localizam na pele e nas camadas mais superficiais da polpa. Em termos comerciais a capacidade de transporte e longevidade de vida em prateleira, tornam a nossa pêra Rocha na preferida dos profissionais do sector.

Quais são os grandes mercados de exportação da pêra rocha?

O país que mais consome pêra Rocha é Portugal. Em termos de exportação aqueles que mais consomem pêra Rocha per capita são os irlandeses - pena é que sejam apenas 4 milhões. Os maiores mercados são a Inglaterra, França e Brasil. Mas poderemos comprar pêra Rocha em países tão diferentes como a Federação Russa, Canadá, Polónia, Marrocos, Aústria, Cabo Verde, etc, etc.

Como correu a campanha de produção e comercialização de pêra rocha em 2010 e quais as perspectivas para 2011?

A colheita de pêra 2009 foi a maior de sempre em Portugal e uma das maiores a nível europeu. Con