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Entrevista com Dr. Luís Mira

18/07/2011
Entrevista com Dr. Luís Mira

A nossa filosofia foi sempre a de criar vinhos com história!



HERDADE DAS SERVAS

Uma herdade, uma marca de referência, uma história com mais de 300 anos: Herdade das Servas. Desde 1667 até aos dias de hoje, uma longa história para contar, podem partilhar connosco um pouco desta história de sucesso?



A família Serrano Mira está ligada à criação de vinhos de qualidade há inúmeras gerações. Nas propriedades da família foram conservadas talhas de barro, datadas de 1667, que serviam de recipientes para a produção de vinho. O nosso bisavô materno foi um dos três fundadores e o primeiro presidente de uma Adega Cooperativa da região.

Por sua vez o avô paterno criou uma das primeiras empresas particulares para produção de vinhos no Alentejo, em Borba, que já não faz parte do património da família. Eu e o meu irmão Carlos Mira acompanhámos desde muito cedo as actividades familiares no sector do vinho e, ao longo do tempo, fomos assimilando vivências, que foram importantíssimas para o desenvolvimento do projecto Herdade das Servas.

A Herdade das Servas está ligada, desde sempre, á família Serrano Mira, Quem são os elementos da família que gerem a empresa?

A Herdade das Servas era propriedade dos meus avós e por direito sucessório chegou até nós. Todavia o meu avô já aqui tinha vinha, mas não transformava as uvas em vinho, fomos nós Luís e Carlos Mira que iniciamos o projecto vitivinícola que culminaria com a construção da adega na Herdade das Servas. Quanto ás competências e áreas de intervenção de cada um de nós na gestão do projecto Herdade das Servas, são as seguintes:

Eu, Luis Serrano Mira, formado em gestão de empresas pelo INP, tenho uma pós-graduação em Marketing de vinhos pela Universidade Católica do Porto, sou o responsável pela gestão de todo projecto de criação dos vinhos quer ao nível da gestão quer na área enológica em colaboração com o enólogo Tiago Garcia.

O meu irmão, Carlos Serrano Mira, Bacharel em produção agrícola pela Escola Superior Agrária de Beja, é por sua vez o responsável máximo pelos 200 ha de vinha e toda a produção integrada da mesma.

Com uma estrutura e uma gestão essencialmente familiar, como se processa a divisão de tarefas entre os elementos da família na gestão corrente da empresa?

Como somos dois irmãos, com uma grande relação de proximidade e de amizade é fácil dividir tarefas, até tendo em consideração as diferentes áreas de formação académica de cada um de nós. Assim o Carlos está mais ligado á Viticultura e eu estou mais ligado á gestão da adega e á Vinicultura.

Para além da Família Serrano Mira qual é a restante organização da Herdade das Servas?

Contamos actualmente com 21 colaboradores na organização Herdade das Servas divididos em 5 áreas Funcionais: Administração, Produção; administrativo/financeiro; Qualidade; Viticultura.

Pedia-lhes, agora que nos apresentassem a empresa Herdade das Servas, quer como exploração agrícola, quer como produtor de Vinho do Alentejo.

A Herdade das Servas é uma empresa vitivinícola que tem 200 ha divididos em três vinhas: Azinhal, Judia e Servas. As idades das vinhas estão compreendidas entre os 20 e 60 anos, excepto a Vinha das Servas, plantada em Janeiro de 2007.

Estão implantadas por talhões as seguintes castas: Alfrocheiro, Alicante Bouschet, Aragonez, Cabernet Sauvignon, Castelão, Merlot, Petit Verdot, Sangiovese, Syrah, Touriga Franca, Touriga Nacional, Trincadeira e Vinhão, nas tintas e Alvarinho, Antão Vaz, Arinto, Encruzado, Rabo de Ovelha, Roupeiro, Semillon, Verdelho e Viognier, nas brancas.

A nossa adega está preparada para vinificar pequenos lotes em separado. Assim, as cubas/lagares de vinificação não ultrapassam os 14 mil quilos, com sistema de temperatura controlada e em aço inoxidável.

As cubas de armazenagem são de pequena dimensão para levar as castas/lotes até ao final do processo em estreme, até ao momento em que a equipa de enologia efectue os melhores "blends" ou decida que determinada casta/lote tem por si só características de excelência, saindo assim em monovarietal.

No estágio dos nossos vinhos, utilizamos madeira de carvalho francês e americano das melhores tanoarias mundiais: Seguin-Moreau, Laffite, Demptos, Vicard, entre outras. Todos os vinhos, depois de engarrafados, permanecem na cave no mínimo 6 meses.

A nossa filosofia foi sempre a de criar vinhos com história, vinhos que traduzam toda a experiência e tradição de uma família há mais de 300 anos ligada á vitivinicultura. Acreditamos que só produzindo com critérios definidos e desenvolvidos por nós, será possível satisfazer os consumidores exigentes que consomem a marca "Herdade das Servas" diariamente. Por este motivo acreditamos no nosso trabalho diário quer no campo quer na adega e em todos os parceiros que nos acompanham ao longo destes anos.

Quais são as principias marcas de vinho comercializados pela empresa Herdade das Servas?

Apresentaria as marcas da empresa Herdade das Servas, pela suas diferentes personalidades e posicionamentos junto dos consumidores, a saber:

Herdade das Servas – Para aqueles momentos especiais de consumo.

Monte das Servas – Para satisfazer os consumidores exigentes nos diversos momentos de consumo.

Vinha das Servas – Qualidade acessível no consumo do dia-a-dia.

Qual é a percentagem da produção destinada ao mercado interno e à exportação?

A nossa produção é canalizada em cerca de 85% para o mercado interno e cerca de 15% para exportação. Área da exportação que tem crescido nos últimos anos e para a qual tem contribuído alguns importantes prémios que as nossas marcas tem obtido a nível internacional como recentemente o "Monte das Servas Tinto Colheita Seleccionada 2008" que foi galardoado com uma medalha de ouro na 35.ª edição do Challenge International du Vin (2011), em França, num concurso em que estiveram em avaliação cerca de 5.000 vinhos provenientes de 35 países.

A CULTURA DA VINHA E A PRODUÇÃO DE VINHO EM PORTUGAL

A cultura da vinha no Alentejo é anterior á formação de Portugal como país, remonta ao século VII A.C com a presença dos fenícios na região. Hoje em dia a área de vinha é de 23.000 hectares, ou seja cerca de 10% da área vitícola nacional. Existem cerca de 4.000 explorações, com uma área média que ronda os 5,5 ha. Como vêm o futuro da cultura da vinha e da produção de vinho na região do Alentejo?

O futuro da cultura da vinha no Alentejo será com toda a certeza bom, pois com trabalho, persistência e humildade o homem chegou á lua e no sector do vinho falta-nos pouco para obtermos o reconhecimento do consumidor internacional.

Porque a nível nacional o reconhecimento dos consumidores pelos vinhos da planície já é uma realidade, pois segundo o estudo da ACNielsen, os vinhos alentejanos, nas denominações DOC e Vinhos Regionais, tem uma quota de mercado de cerca 40% do total dos vinhos comercializados em Portugal. Ou seja em cada 2,5 garrafas comercializadas 1 é de vinho alentejano. Agora temos é que ser rigorosos e não fazer qualquer coisa, pois isso leva-nos a degradar alguma imagem positiva até aqui construída.

E os vinhos alentejanos são o resultado de anos de história, castas e condições endafoclimáticas favoráveis, como solo e clima, que contribuem para vinhos com personalidade vincada que os consumidores identificam e gostam.

Quais são, entre as mais de 300 castas que constituem o nosso património vitícola, as castas com maior personalidade no vosso ponto de vista para produziram "grandes vinhos" a nível internacional?

No meu ponto de vista, na nossa região do Alentejo, as castas com maior potencialidades para produzirem grandes vinhos são