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O Pedrado da macieira e da pereira

22/05/2012, Engº Avelino Balsinhas - BCS
O Pedrado da macieira e da pereira

O pedrado é a doença mais importante das pomóideas. As manchas de pedrado não prejudicam unicamente a qualidade da colheita. As infecções podem desfoliar a árvore, inibindo significativamente o seu crescimento.

O pedrado (Venturia spp.) é a doença mais importante das pomóideas. As manchas de pedrado não prejudicam unicamente a qualidade da colheita. De facto, as repetidas infecções podem desfoliar a árvore, inibindo significativamente o seu crescimento. A grande capacidade de multiplicação do fungo do pedrado significa que as infecções são uma ameaça desde o início do período de crescimento vegetativo até à colheita.

Espécies:
Macieira - Venturia inaequalis
Pereira - Venturia pirina


Sintomatologia:

O pedrado ataca todos os órgãos herbáceos da macieira e pereira com uma sintomatologia típica:

Folhas: Surgem manchas irregulares de aspecto translúcido que vão aumentando e tomam uma cor verde-olivácea de aspecto aveludado. Estas zonas acabam por ficar negras e as folhas podem apresentar-se com deformações. No caso de ataques tardios as manchas são mais pequenas e numerosas cobrindo uma parte importante do limbo, ao longo das nervuras, acabando as folhas por amarelecer e cair. Inflorescências: Ocorrem as manchas acima descritas e que causam a sua destruição.

Frutos: Mostram uma sensibilidade ao pedrado em todas as fases do seu desenvolvimento. Os ataques precoces são responsáveis pela queda prematura dos frutos. Nestes à superfície surgem as manchas características do pedrado
que acabam por necrosar causando deformações. Essas zonas afectadas, por não acompanharem o desenvolvimento dos tecidos sãos, fendilham de forma irregular e mais ou menos intensa, o que causa a desvalorização das produções. Nalguns casos pode ocorrer mesmo a mumificação dos frutos.
Os ataques tardios do pedrado, que ocorrem durante o período de conservação dos frutos, causam manchas mais superficiais e pequenas, de cor negra e debruadas a vermelho.

Ramos: Estes raramente são atacados.

Biologia:

O fungo sobrevive no pomar de uns anos para os outros através de:
- peritecas, que se formam nas folhas caídas no solo no Outono.
- micélio e conídios que hibernam nas escamas dos gomos
ou nos ramos (nas pústulas estromáticas em variedades muito sensíveis).

As peritecas ocorrem geralmente no Norte do País, em zonas
onde se registam temperaturas baixas no Inverno. Na Primavera as peritecas libertam os ascósporos que, juntamente com o micélio presente nos gomos, são responsáveis pelas infecções primárias. A chuva ou a humidade elevada são indispensáveis à germinação dos conídios e dos ascósporos, pois esta só ocorre em presença de água. Para a germinação dos esporos é necessário que os órgãos estejam molhados pelo menos durante 18 horas e as temperaturas rondem os 16-24º C. Os esporos emitem um tubo germinativo (haustório) que perfura a cutícula, desenvolve-se e forma um micélio no interior dos tecidos vegetais. É a fase de contaminação.

Após esta fase, na sequência de um determinado período de incubação, surgem as primeiras manchas do pedrado. A duração do período de incubação depende das condições meteorológicas na Primavera (em particular da temperatura).
As novas contaminações - infecções secundárias - sucedem-se
sempre que se verifiquem condições meteorológicas favoráveis.

Estas podem ser determinadas pela curva de Mills & Laplace que relaciona o número de horas durante as quais a folhagem deve permanecer molhada com os valores da temperatura para que ocorra a infecção (período crítico).

Ciclo Biológico do Pedrado da Macieira