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Bichado da Fruta

01/07/2015, Prof. Edison Pasqualini-Univ. Bolonha-Itália

O bichado-da-fruta constitui uma praga da macieira em território nacional, tristemente conhecido desde a antiguidade pela sua nocividade.

A C. pomonella pode completar 1 a 3 gerações anuais, dependendo da zona climática do país. Em Portugal, apresenta normalmente duas gerações, podendo nalgumas
regiões mais a sul, desenvolver-se uma terceira geração
incompleta. A maturação do fruto, a sua quantidade e qualidade, bem como as características termofotoperiódicas
na área de distribuição, são fatores que contribuem para a
determinação da evolução das várias gerações.

Hiberna como larva madura do 5º instar em diapausa, dentro
dum casulo (hibernaculum) tecido no tronco ou no solo. A passagem a crisálida ocorre em Março-Abril e os primeiros adultos aparecem a partir do início de Abril até Maio-Junho. Os ovos da primeira geração são maioritariamente postos sobre folhas na vizinhança dos frutos. As larvas neonatas estão sujeitas a um período em que deambulam, passando vários dias a descoberto antes de penetrar o fruto. Os ovos das gerações seguintes são essencialmente postos sobre os frutos, nos quais as larvas penetram
logo após a eclosão.

O segundo voo do ano ocorre normalmente em meados de Junho e, nos casos em que haja mais que duas gerações, o terceiro pode ocorrer em agosto. Geralmente, entre os dois primeiros voos existe uma interrupção, enquanto entre os seguintes pode haver uma sobreposição parcial.

C. pomonella pode completar 1 a 3 gerações anuais, dependendo da zona climática do país. Em Portugal, apresenta normalmente duas gerações, podendo nalgumas
regiões mais a sul, desenvolver-se uma terceira geração
incompleta. A maturação do fruto, a sua quantidade e qualidade, bem como as características termofotoperiódicas
na área de distribuição, são fatores que contribuem para a
determinação da evolução das várias gerações.

Os adultos fazem pequenas deslocações supostamente no interior do pomar: os machos são mais móveis que as fêmeas e as suas deslocações não ultrapassam os 100 - 200 m, enquanto as fêmeas costumam fazer viagens ainda mais curtas.

O acasalamento (mesmo repetido) dá-se normalmente no crepúsculo, com temperaturas de pelo menos 15,6 °C e continua durante várias horas. A fecundidade da fêmea leva a posturas médias de cerca de 60-80 ovos, com um mínimo de algumas unidades e um máximo superior a 300 (em laboratório).

A postura dá-se em noites quentes, na ausência de vento, com temperatura superior a 15-16 °C (ótimo térmico de aproximadamente 25 °C) e com a
duração de 2-3 horas após o pôr-do-sol. Os ovos são normalmente postos de forma isolada, ou raramente em pequenos grupos de 2-3, em folhas (geralmente na página superior, ou inferior se esta não apresentar muita pilosidade), sobre frutos e raminhos com superfície lisa e sempre próximo dos frutos (não aleatório). A parte superior da planta é geralmente a mais exposta aos ataques, assim como a parte a oeste da parte mais a sul das linhas.

Natureza dos estragos e importância económica

O bichado-da-fruta constitui uma praga da macieira em território nacional, tristemente conhecido desde a antiguidade pela sua nocividade. Atualmente existe um aumento da probabilidade de ocorrência de condições climatéricas favoráveis e várias questões relacionadas com uma maior dificuldade de contenção e mudanças no panorama de insecticidas disponíveis. C. pomonella requer cerca de 70% do total dos insecticidas utilizados em pomóideas.

Em casos de fortes infestações, os ataques de bichado-da-fruta podem atingir até 100% dos frutos em apenas um ano. A larva penetra no fruto escavando uma galeria em direção às sementes das quais se alimenta. A penetração no fruto pode ocorrer a partir de qualquer ponto, mas muitas vezes dá-se a partir da cavidade calicinal (frequente na pera) ou em pontos de contacto entre folhas e frutos ou entre dois ou mais frutos. A partir do orifício de entrada das larvas (geralmente, uma por fruto) sai uma
serradura típica, inicialmente macia e húmida e de seguida seca, de cor acastanhada, que se pode confundir, tanto na macieira, como na pereira, com a causada por larvas de outras espécies, como C. molesta ou Euzophera bigella Zeller.

Os frutos afetados por lagartas de primeira geração, acabam por cair precocemente para o solo.